Blog da Cidha Cunha

domingo, 21 de novembro de 2010

Escandalo na prova de geografia em Curitiba

Imagem em prova escandaliza escola

Uma prova da disciplina de Geografia elaborada pela Secre taria de Educação de Curitiba (SME) para alunos do 1.º ano do Ensino Fundamental causou polêmica entre professores e pais de estudantes. Uma das questões da avaliação, aplicada na semana retrasada em mais de 170 escolas, traz uma imagem de conotação sexual, considerada inapropriada (veja acima) para a faixa etária das crianças, em média de 6 anos de idade. Na semana passada, professores comunicaram o fato à secretaria e ao Sindicato dos Servidores do Magistério Muni cipal de Curitiba (Sism mac). A prova foi recolhida na última terça-feira.

Para a professora Maira Be loto de Camargo, diretora do Sismmac, o episódio deixa clara a falta de cuidado da SME com a elaboração e a revisão da prova, já que, ao que tudo indica, a imagem foi retirada de um site na internet e reproduzida sem um processo de checagem antes de a prova chegar aos alunos. “Deve ria ter um critério de revisão mais eficiente por parte da secretaria, já que é ela que elabora a prova. Isso demonstra um descaso com o conteúdo e elaboração das questões”, disse Maira.

Outro lado

Secretaria exonera responsável

A chefe da Superintendência de Gestão Educacional da Secretaria Municipal da Educação de Curitiba, Meroujy Giacomassi Cavet, afirmou que será aberto um processo administrativo para apurar as circunstâncias do uso da imagem. Ela negou que a exoneração da chefe do Departamento de Ensino Fundamental, Nara Salamunes, responsável pela avaliação, tenha relação com o episódio. “Posso garantir que foi uma coincidência”, disse. Nara foi exonerada ontem.

Meroujy disse não acreditar que a imagem tenha sido compreendida pelas crianças. “Lamentamos muito esse equívoco e pedimos desculpas à comunidade escolar. O erro é pequeno, mas grave.” Ela disse que a prova não serve para ranquear as escolas, mas para dar subsídios a fim aprimorar a educação. “Ela não serve nem para aprovar, nem para reprovar”.

A avaliação é aplicada semestralmente pela prefeitura como forma de avaliar o desempenho de escolas, alunos e professores e é direcionada a todas as turmas, do primeiro ao 9.º ano, abrangendo todas as disciplinas. Na opinião de Maira, a preocupação da secretaria em avaliar o ensino a cada seis meses tem como único objetivo promover o ranqueamento das escolas, o que acaba contribuindo para erros como esse. “São muitas avaliações e isso compromete a qualidade. A preocupação não é com o conteú do, com o ensino, apenas com os resultados”, acusa.

Sem autonomia

A professora Ângela Maria de Castro, que atua na Escola Municipal Maria Neide Gabardo Betiatto, no bairro Umbará, conta que os alunos não entenderam o significado da imagem, apenas perguntaram aos professores “por que a galinha estava cortada e com os olhos esbugalhados”. Para ela, no entanto, isso não minimiza o problema. “É um erro gravíssimo. Serve de alerta para a forma como essa avaliação está sendo conduzida. No caso, foi aplicada a alunos do 1.º ano, mas poderia ter ocorrido com alunos de outras séries”.

De acordo com Ângela, a prova, da forma como é conduzida hoje, fere a autonomia das escolas e compromete o planejamento escolar, já que o exame é elaborado por uma equipe de dentro da própria secretaria e aplicado de maneira uniforme em toda a rede. “O planejamento é posto em segundo plano, pois o professor só pensa na prova, em se sair bem, em tirar uma boa nota. Há também muita competitividade entre as escolas, os alunos chegam a ficar estressados. Não acho que a prova deveria acabar, mas sim que ela servisse como um meio, não como um fim”.

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Fonte:Gazeta do Povo

http://www.gazetadopovo.com.br/vidaecidadania/conteudo.phtml?id=1069336

4 comentários:

  1. Realmente o fato é horrível, tanto quanto o relato da Meroji que assumiu o cargo. Disse que foi uma coincidência a exoneração da Nara Salamunes, se não fosse outro fator implícito ela não teria sido retirada do cargo então??? Estranho. Considero que o erro foi dantesco. Agora… alguém parou para pensar como essas avaliações chegaram nas mãos das crianças??? Foi através do professor. Portanto o erro foi em efeito cascata e uma vergonha pra todo mundo, todos assinaram embaixo foi vergonhoso para a rede toda. Os professores ao verem a figura poderiam se negar a aplicar e porque não fizeram isso? Não viram? Não conferem o que dão as crianças? Não possuem argumentos para se negarem? Tem conhecimento de suas atribuições realmente? Bons leitores questionam o que lêem em livros e artigos PUBLICADOS, e o professor não? Por que não? O que falta a ele seria conhecimento, segurança? Essa professora Ângela Maria de Castro, deveria ser exonerada também ao invés de colocar o erro como se fosse apenas dos outros. Ao ouvir o comentário das crianças, porque permitiu que continuassem a avaliação, deveria ter recolhido, levado a direção e mandado alguém com muito QI descer da Secretaria de Educação para aplicar (entendendo QI como quem indica)… Pior que ela não estava sozinha porque a SME exige no 1º ano outra professora acompanhando a avaliação para ATENDEREM MELHOR OS ESTUDANTES, sem contar a estagiária que algumas escolas também dispõem neste ano escolar (provavelmente o bate-papo estava mais interessante que prestar atenção no que estão fazendo). Essa professora não fez isso como todos os demais. Medo e falta de autonomia não são desculpas tendo uma aberração destas nas mãos e com certeza não aconteceria nada com ela? Apenas seria a única a não participar disso, NÃO seria exonerada com toda a certeza e nessas condições poderia criticar a prova e quem fez a vontade. Não entendi sua crítica em sentir-se ferida quanto a autonomia do planejamento, as avaliações seguem as Diretrizes Curriculares Nacionais, assim como seu planejamento deve seguir, não são inventados conteúdos, se o professor só pensa em se dar bem na prova e tirar nota boa, deveria mudar o foco e se preocupar com um bom planejamento e como conseqüências os estudantes terão melhor rendimento. Muitos professores da rede fazem isso e seus alunos se saem muito bem inclusive. Tem medo do resultado das avaliações quem não quer ser descoberto e aplica avaliação sem analisar o que está sendo explicado à criança, portanto “ranqueamento” é apenas uma desculpa. E o livro didático, será que o professor questiona e analisa, este material também não é perfeito, aí a necessidade do “professor pesquisador” (a maioria mal lê). Nessa avaliação com certeza muitas questões devem ser analisadas, como o fato dos professores e pedagogos só terem acesso as avaliações no dia da aplicação, tendo o professor que ler na hora de passar as crianças (isso não é desculpa para não verem a imagem, pois LERAM às crianças), mas devem estar longe de ser extintas. Numa relação simples, uns foram os mentores e outros os executores, TODOS erraram… Secretaria e Escolas. As instituições de ensino deveriam se propor a ensinar conhecimento científico e não servirem como o meio em que se propaga esse tipo de insanidade… VERGONHA TOTAL - Quero deixar claro que existem muitos professores bons em Curitiba, excelentes... mas existe estes que permitem uma avaliação destas....

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  2. Adriana, vc é professora da Rede Municipal de Curitiba????
    Trabalho como professora em Curitiba há alguns anos e digo a vc que não aprecio o sistema de ensino em alguns tópicos; agora você, se não é professora da rede não deveria dizer bobagens (pelo jeito não é porque seria a primeira a se negar a aplicar a prova e ligar para a Secretaria da Educação, com toda certeza não é???). Não apliquei a prova de Geografia e nem sequer a vi porque sou professora de Artes na escola, professoras "extras" (detesto esse termo) não aplicam as provas para os alunos.
    Está errado em dizer que TODAS as escolas possuem estagiárias, algumas nem professor para cobrir permanência tem. Muito menos professor corregente! E os professores corregentes em algumas instituições não participam da aplicação.
    Se a prefeitura fosse exonerar todas as professoras que aplicaram a prova e perceberam esse erro grotesco e não tomaram atitudes, ia faltar funcionários, nas escolas, secretarias e núcleos.
    E saiba você que as provas realizadas no 1º Semestre cobram conteúdos que serão trabalhados no próprio 1º semestre (a prova é realizada bem no início do ano), então muitos alunos podem ir mal. A maior preocupação nesse sentido são com os 1º e 2º anos!
    Vc acha que está certo dar uma prova aos alunos do 1º ano em que eles devem ler um texto e interpretá-lo? (No primeiro semestre! E devemos lembrar que os alunos do 1º Ano são o antigo "Pré III, Jardim III".
    Agora, se tu conheces dezenas de professoras que tem alunos lendo com 5 anos, avise!
    E QUERO DEIXAR BEM CLARO que existem excelentes professores na rede municipal de Curitiba SIM!!
    Na escola em que trabalho há ótimas professoras no 1º ano. Elas planejam as aulas dentro das diretrizes, sempre!
    Agora, não venha dizer que todos os professores que aplicaram a prova são ruins, jamais diga isso! Até porque o que mais se ouve é que se algum professor está descontente com algo no sistema de ensino deve procurar outra profissão!
    Isso causa medo, autonomia baixa...
    E saiba que a Nara não foi exonerada! Ela continua na rede de ensino, não com o mesmo cargo, claro!
    E os professores excelentes que vc diz, estes se negaram a realizar a prova???
    Ligaram para a SME??? Tomaram atitudes cabíveis com a situação????

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  3. Prezada colega...
    Sou sim sua colega na rede Municipal de Curitiba, sugiro que releia o que escrevi sobre: Exonerção da Nara do cargo (com louvor)e será pedagoga (absurdo), quem deveria ser exonerado, disponibilidade de estagiária e corregente.
    Realmente as crianças são prejudicadas em seu direito a corregente, devido a quantidade de faltas dos próprios professores e de situações como você citou de haver profissionais insuficientes para suprir a demanda da rede, porém tivemos concurso recentemente e pouquíssimos professores passaram na prova (?). Informo a você que as avaliações não são lidas pelas crianças, são as professoras que lêem e elas vão marcando mais X do que escrevem (solicite a avaliação na sua escola que poderá conferir as questões ou participe das correções para se manter informada, é um direito seu). Relembrando que a avaliação é aplicada em abril/maio e a que questiono foi agora em novembro. A avaliação do 1º semestre não exige que as crianças de 5 anos estejam alfabetizadas muito menos que interpretem, mas que estejam apenas iniciando as primeiras fases de aquisição da Leitura e Escrita conforme Emília Ferreiro. Deve saber que a fase pré-silábica é importante. Sugiro ainda que desenvolva sua habilidade de inferência ao ler textos, percebi que não retêm informações importantes o que fragiliza seus argumentos.
    Retomando o que escrevi, quem aplicou a avaliação foram os professores de 1º ano e não os professores de outras áreas do conhecimento como Arte, Ensino Religioso e Educação Física.
    Deixei claro que existem professores excelentes sim na rede, porém não puderam se negar a aplicar por uma questão de lógica... estavam na sala deles aplicando provas também, assim como você estava desempenhando seu trabalho. Infelizmente não desenvolvemos ainda a onipresença e onisciência.
    O que você define como autonomia baixa dos professores, eu defino como não ter Ato Político!!! Até porque autonomia, conforme Piaget e diversos autores se desenvolve no estágio das operações formais (12 anos em diante), portanto quem não desenvolveu e está em anomia (corresponde a 5 anos de idade) ou heteronomia (até aproximadamente 10 anos). Nesse caso profissionais extrapolaram essa faixa etária!!! Se tem pessoas assim em sua escola, melhor conversar com a direção e encaminhar para avaliar a capacidade laborativa e ajuda profissional urgente(neurologista, psiquiatra e/ou psicólogo).
    Concordo com você quando diz que se não está contente com a educação deve-se procurar outra profissão, então conforme sua afirmação só está faltando atitude...
    Não entendi quando disse "tópicos do sistema" entendo que o Sistema de Ensino, não é está formatado em lista, apresenta-se em forma de documento.
    Explicando ainda: não falei que TODAS as professoras deveriam ser exoneradas, mas a que viu e ainda quis se aparecer deveria ser.
    Não precisa também ser ofensiva, é só minha opinião e não verdade absoluta. Minhas construções apenas têm como base minhas vivências. Se formamos cidadãos críticos, também devemos ser começando pelo respeito a opinião alheia.
    Respeito sua opinião, mas não concordo com você por sua ingenuidade em achar e querer justificar implicitamente a desatenção dos professores, permitindo-se ser o meio pelo qual as crianças tiveram acesso. Deixaram de fazer algo inerente ao mediador que é de acompanhar, observar, analisar, orientar e selecionar o que aplicar, evitando o uso de figuras pornográficas e ainda rirem no recreio como se não tivessem participação (vi isso). O que questionei foi isso, a avaliação é outro assunto que devemos sim discutir e melhorar em nossa Rede de Ensino (relembrando...é só minha opinião, apesar de ter muitos colegas que compartilham da mesma).
    Bom trabalho colega...

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  4. Quando você olha a imagem, você não percebe o que tem de errado. Então é mais fácil, colocar a culpa nos outros....
    Muitos professores, realmente nem se "ligaram" no que que a imagem passava....

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