Blog da Cidha Cunha

quarta-feira, 18 de abril de 2012

O PRIMO BASÍLIO (Resumo)


O PRIMO BASÍLIO (EÇA DE QUEIRÓS)



Resumo:
Lançada em 1878, a obra O Primo Basílio, de Eça de Queirós, relata a envolvente história de Luísa e seu primo Basílio. Casada com o engenheiro Jorge, Luísa vivera, nos primeiros anos de casamento, uma união feliz. Com o passar do tempo, porém, a rotina foi esfriando o relacionamento entre os dois, que se afastaram ainda mais com a notícia de que Jorge viajaria a trabalho para a cidade de Alentejo. No dia da viagem, Luísa lê no jornal, logo cedo, que seu primo Basílio estava retornando a Lisboa, e lembra-se de que ele havia sido seu primeiro amor.
Quando ainda morava em Portugal, Basílio era um homem rico, mas desperdiçara toda a sua riqueza e decidira reconstruir sua vida e fazer fortuna em terras brasileiras. Já no Brasil, rompera com Luísa por meio de carta, o que a deixara bastante infeliz, mas com o passar do tempo ela conheceu Jorge e acabou se casando.
Com a viagem do marido, Luísa passa a ficar sozinha com Joana, a cozinheira, e Juliana, uma empregada com quem ela não se relacionava muito bem, mas que aceitava em sua casa devido à gratidão que seu marido tinha com a jovem, já que esta havia cuidado de sua tia por algum tempo. Alguns dias depois da partida de Jorge, porém, a moça recebe a primeira visita de seu primo Basílio, e a partir de então as visitas se tornam cada vez mais frequentes, até que ele resolve declarar seu amor a Luísa. Inicialmente, Luísa o censura, mas a ausência do marido e as lembranças do passado a fazem ceder e retomar seu relacionamento com o primo.
Antes de viajar, Jorge havia pedido a seu vizinho, Sebastião, que cuidasse de Luísa, e como as frequentes visitas de Basílio estavam gerando comentários maldosos na vizinhança, Sebastião resolve alertá-la. Para eliminar o falatório, então, o casal transfere os encontros para outro lugar, que chamam de “paraíso”.
Desconfiada da traição da patroa, Juliana, que se sentia injustiçada por não ter recebido nada pelo período em que cuidara da tia de Jorge, resolve espionar Luísa para certificar-se do adultério, e os frequentes encontros entre os primos permitem que a empregada reúna provas suficientes da traição. Certo dia, Juliana mostra a Luísa as cartas que havia guardado e que compravavam o adultério, deixando a patroa desesperada.
Preocupado com a situação, Basílio resolve romper com a amante e ir embora, sob o argumento de que precisaria voltar a Paris para resolver alguns negócios. Antes de partir, ele pergunta à prima quanto Juliana estava pedindo pelas cartas, mas Luísa, revoltada com o amante, afirma que resolveria o problema sozinha.
Sem outra opção, Luísa tenta negociar com a empregada, que lhe pede seiscentos mil contos de réis em troca das cartas. Desesperada, a moça pensa em pedir ajuda ao vizinho Sebastião, mas acaba desistindo da ideia. Sem dinheiro para pagar a quantia solicitada, Luísa começa a agradar a empregada, dando-lhe vários presentes. Juliana ganha um quarto melhor, lençóis de linho, um bom colchão e uma cômoda cheia de roupas. Além disso, a patroa passa a fazer os serviços domésticos no lugar da empregada.
Passados mais alguns dias, Jorge retorna de viagem e só então Luísa percebe o quanto ama o marido, que não consegue compreender o que está acontecendo em sua casa. Angustiada, Luísa pede ajuda a sua amiga Leopoldina, a quem conta sobre a traição. Leopoldina sugere à amiga que procure Castro, um homem que sempre fora apaixonado por Luísa e que, diante de seu pedido, não hesita em emprestar-lhe o dinheiro. Percebendo as investidas e a intenção do homem de se aproveitar da situação, porém, Luísa o coloca para fora e acaba ficando sem a quantia exigida por Juliana.
Em casa, Jorge observa a comodidade da empregada e fica intrigado com a maneira com que a esposa insiste em defender Juliana. Luísa alega que a empregada faltara tantas vezes ao trabalho por motivo de saúde, mas, insatisfeito com a desordem da casa, Jorge decide despedi-la. Aos prantos, a patroa pede que ela não faça escândalos, garantindo-lhe que daria um jeito de resolver a situação.
Luísa recorre, então, a Sebastião, a quem conta toda a confusão. O amigo pede a Luísa que o deixe sozinho com Juliana, e para atender ao pedido do vizinho, Luísa convida Jorge para ir ao teatro.
Aproveitando a ocasião, Sebastião vai até a casa de Jorge acompanhado de um policial e exige que a empregada entregue as cartas comprometedoras, sob pena de ser presa. Nervosa, com a saúde frágil e as cartas nas mãos, Juliana cai morta no chão. Quando os donos da casa chegam, Sebastião diz que fora até lá porque ouvira os berros de Juliana, que gritava por ter sido demitida.
No dia seguinte, Luísa amanhece com febre. Aos poucos começa a melhorar e conhece Mariana, a nova empregada. As coisas na casa de Jorge parecem ter voltado ao normal, mas Luísa recebe mais uma carta de Basílio, que acaba sendo lida por seu marido. Na carta, Basílio respondia ao pedido de Luísa, que, arrependida por não ter aceitado a ajuda do primo, solicitara-lhe dinheiro para pagar Juliana. Na mesma carta Basílio declarava amor à prima e lembrava as noites que os dois haviam passado no “paraíso”.
Ao descobrir a traição da esposa, Jorge começa a tratá-la com indiferença. Luísa, ainda fraca, recebe a carta das mãos de Jorge e desmaia. Desmascarada, ela vê sua saúde piorar. Jorge percebe que a esposa está partindo e lhe dá um beijo, perdoando sua traição. Luísa, porém, não resiste à febre cerebral e acaba falecendo.
Após a morte de Luísa, Basílio volta a Lisboa para finalizar alguns negócios. Ele procura pela prima, mas encontra a casa fechada – depois da morte da esposa Jorge passara a viver com o vizinho Sebastião. Informado sobre a morte da prima, Basílio recebe a notícia com indiferença, concordando com a opinião do amigo que o acompanha de que Luísa pouco valia. Ele volta, então, ao hotel em que se hospedara, lamentando por não ter trazido uma amante de Paris.

Importância do livro
Escrito em um momento de consolidação da escola realista-naturalista em Portugal, O primo Basílio se apresenta como uma verdadeira súmula de alguns dos recursos mais característicos do estilo: a crítica social, a exploração da sexualidade, a tendência à construção de personagens marcadas pela baixeza de caráter, a narrativa irônica, as referências pouco lisonjeiras à moral, aos costumes e à religião. 
Período Histórico
Eça pertence à chamada geração de 70, constituída pelos escritores que combateram o romantismo e lutaram pela instauração das ideias realistas em Portugal, a partir de 1870, propondo uma literatura de crítica social e de denúncia do atraso lusitano.

ANÁLISE
O principal alvo de Eça de Queirós em O Primo Basílio é o romantismo. A protagonista Luísa é uma vítima do excesso de fantasias românticas, que acaba por distanciá-la da realidade. A consequência mais grave dessa alienação possui componente moral: Luísa se torna incapaz de discernir valores morais, confundindo amor com desejo, paixão com vulgaridade.  
A obra evita sistematicamente o caminho fácil da idealização, expondo ácidas críticas à burguesia provinciana de Lisboa. Essas críticas são encarnadas nas personagens, que se tornam, desse modo, representações estereotipadas de comportamentos que a narrativa expõe ao ridículo. Em D. Felicidade, Eça descarrega sua crítica ao que chama de “beatice parva”: mulheres que manifestam uma religiosidade que estão longe de seguir ou exemplificar. A visão ácida é amplificada por uma nota naturalista: D. Felicidade sofre de gases.  
A mediocridade, o conservadorismo e o amor às aparências do Conselheiro Acácio deram origem a um novo adjetivo na língua portuguesa: acaciano. O infeliz Jorge é ridicularizado sem piedade pelo narrador: a frieza que sempre manifestou é substituída, no final, pela pieguice do sofrimento provocado pela morte da esposa. A suscetibilidade de Luísa chega quase a destituí-la de humanidade, reduzindo-a à condição de fantoche manuseado pelas circunstâncias.  
Juliana, cuja personalidade é sacudida por frustrações de caráter sexual, físico e social, canaliza seu ódio não para um projeto social transformador, mas para a compensação de seus recalques pessoais. Sebastião, exemplo de bom caráter, tem suas virtudes colocadas em destaque, por contraste com a lama generalizada. 
O romance faz propaganda explícita das principais linhas de força do projeto realista-naturalista. O determinismo mesológico aparece na influência que o meio ambiente decadente e apático exerce sobre as personagens, tornando-as indolentes e favorecendo o domínio do apetite sexual. O final feliz romântico é substituído pelo triunfo da canalhice, na trajetória de Basílio, o vilão imune a qualquer punição. Por fim, a abordagem das relações entre patroa (Luísa) e empregada (Juliana) evita a glamourização e evidencia a desconsideração da primeira e a falta de escrúpulos da segunda. 
Do Realismo, a romance apresenta a crítica ao atraso e ao provincianismo português. Do Naturalismo, a sexualização do enredo e a redução das personagens à condição animal, de cego domínio dos instintos. Eça de Queirós mostra no romance as qualidades de grande estilista que o acompanhariam até o fim da carreira: a linguagem irônica destila acidez na maneira de focalizar o atraso português, que ele demoraria a perdoar.


Personagens:
Luísa: Representa a jovem romântica, inconsequente nas suas atitudes, a adúltera.
Jorge: Marido dedicado de Luísa, engenheiro de minas, homem prático e simples, que contrasta com a personalidade mundana e sedutora de Basílio.
Basílio: Dândi, conquistador e irresponsável, "bon vivant" pedante e cínico. Como todo dândi, Basílio procurava imitar um estilo de vida aristocrático, decadente. Tinha uma preocupação latente em estar bem vestido e arrumado.
Juliana: Personagem mais completa e acabada da obra, tem sido vista como o símbolo da amargura e do tédio em relação à profissão. Feia, virgem, solteirona, bastarda, é inconformada com sua situação e por isso odeia a tudo e a todos, principalmente seus patrões, não detendo então qualquer sentimento de fundo moral.
Sebastião: Personagem simpático que permanece fiel a Jorge e ao mesmo tempo ajuda Luísa. Sebastião é o único que não apresenta nenhuma crítica à socialidade lisboeta.
Julião: Parente distante de Jorge e amigo íntimo da casa, Julião Zuarte,assim como Juliana, representa o descontentamento e o tédio com a profissão. Estudava desesperadamente medicina, na esperança de conseguir uma clientela rica. Andando sempre sujo e desarrumado, Julião era invejoso e azedo.
Visconde Reinaldo: Amigo de Basílio, era, como este, um dândi. Desprezava Portugal. Reinaldo representa o pensamento aristocrático, o desprezo pelos valores burgueses, como a família e a virtude.
Dona Felicidade: Amiga de Luísa, cinquentona. Apaixonada perdidamente pelo Conselheiro Acácio. Simbolizava, nas palavras do próprio Eça: "a beatice parva de temperamento excitado".
Conselheiro Acácio: Antigo amigo do pai de Jorge, Acácio é o arquétipo do sujeito que só diz obviedades. Pudico, formal em qualquer atitude, rejeita friamente as investidas de Dona Felicidade. Diz a todos que "as neves que na fronte se acumulam terminam por cair no coração". No entanto, vive um romance secreto com sua criada.
Senhor Paula: Vizinho de Jorge. Junto com a carvoeira e a estanqueira, passa o dia bisbilhotando quem entra e quem sai da casa do "engenheiro". O surgimento de Basílio acaba virando um espetáculo para eles.
Leopoldina: Amiga de Luísa, casada e adúltera. Sempre em busca de novos prazeres e assim amantes, tem uma má reputação, e é uma possível influência para o comportamento de Luísa.
Ernestinho: Um homem baixinho da voz fina. É primo de Jorge. Seu sobrenome, Ledesma, dá-lhe um ar ridículo, de lesma pegajosa. É pequeno, pálido, romântico, escreve seguindo o interesse do público. A peça "Honra e Paixão", escrita por ele, é um dramalhão de caráter romântico. De vontade fraca, não tem estilo próprio.
Joana: Cozinheira da casa.
Castro: Tinha uma paixão platônica por Luísa.

Sobre o autor
Eça de Queirós
✩25 de Novembro de 1845
✞16 de Agosto de 1900 (55 anos)

José Maria de Eça de Queiro  foi um dos mais importantes escritores portugueses da história. Foi autor de romances de reconhecida importância, de Os Maias e O Crime do Padre Amaro; o primeiro é considera do por muitos o melhor romance realista português do século XIX. Eça de Queirós trabalhou como jornalista, como muitos autores do período, advogado e cônsul. Mas ficou mais conhecido pela atuação na literatura. Os textos do autor apresentam o nascimento do realismo português e são objeto de análise até hoje.

domingo, 15 de abril de 2012

Jovens de calça jeans 2012.

Cada vez que escutar o som dessa musica ...na certa lembrarei desses Jovens Iluminados.

Turma de Crisma-2010/2012
Jéssica-Thais-Coordenadora Priscila-Luiz Felipe-Valério-Otávio-Mateus
Elaine-Guilherme-Roberta-Natália-Victor-Josiane-Patrick-Catequista Cida
Rafael Eduardo-Alfredo-Catequista Ednei.


Precisamos de santos, jovens santos!
Santos de calça jeans que bebem coca-cola e comem hot-dog.
Precisamos de santos, jovens santos!
Que levem Deus no coração, que semeiem a paz e que amem o irmão.


terça-feira, 10 de abril de 2012

IRACEMA (Resumo)


IRACEMA (JOSÉ DE ALENCAR)


Resumo:
Iracema era uma jovem e bela índia de cabelos negros e lábios de mel, filha de Araquém, um índio dotado de sabedoria e liderança, pajé da tribo dos tabajaras. Certo dia, enquanto se banhava em um rio, percebeu que estava sendo observada por um estrangeiro que havia se perdido de seu amigo enquanto caçavam, a quem a índia atacou com uma flecha. A expressão do estrangeiro, chamado Martim, foi tal que Iracema percebeu a mágoa que lhe tinha causado, e os dois acabaram se perdoando e seguindo para a tribo da índia, onde Martim se hospedou. Os dois jovens logo se apaixonaram, mas o amor entre eles era proibido, já que Iracema era a “virgem de Tupã”.
Certa noite, Iracema levou Martim ao bosque da Jurema e deu a ele uma bebida que o fez adormecer, possibilitando-o rever em sonhos seus melhores momentos e suas esperanças. Em seus sonhos, Martim chamou por Iracema, que, assustada, deixou-o ali e foi embora. No retorno para a tribo, Iracema encontrou Urapuã, o chefe dos guerreiros tabajaras, apaixonado pela bela índia, que, tendo visto Martim sair com a virgem, procurava-o para matá-lo, acreditando que Iracema havia se entregado ao estrangeiro. Embora Iracema tenha negado, Urapuã jurou matar o rapaz. A índia, então, voltou ao bosque para vigiá-lo.
Ao acordar pela manhã, Martim viu Iracema na entrada do bosque e percebeu sua tristeza. Como o amor entre os dois era impossível, ele resolveu partir.
Como a vida de Martim corria perigo, Iracema foi até a tribo dos pitiguaras, inimigos dos tabajaras, procurar um grande guerreiro amigo de Martim, chamado Poti, que foi ao encontro do estrangeiro para ajudá-lo na fuga. A jovem índia aconselhou-os a partir durante a festa da lua das flores, pois todos estariam envolvidos com a celebração e não prestariam atenção em Martim. Enquanto esperavam o dia da festa, Iracema e Martim ficaram juntos e Tupã acabou perdendo sua virgem.
Na hora da fuga, Iracema acompanhou Martim e Poti, e quando eles já estavam fora das terras tabajaras e a índia deveria voltar para sua tribo, ela resolveu seguir com o estrangeiro, pois não conseguiria mais viver longe de seu amor. Os três acabaram sendo alcançados pelos guerreiros tabajaras, que haviam seguido o rastro dos fugitivos, dando início a uma batalha em que Iracema lutou contra os membros de sua tribo. Ajudados pelo cão de Poti, que os guiou até seu dono, os guerreiros da tribo pitiguara chegaram a tempo de combater seus inimigos e socorrer Martim, Poti e Iracema.
Durante algum tempo, a tristeza por ter traído sua tribo perturbou Iracema, mas Martim conseguia deixá-la feliz. O casal se instalou em uma cabana próxima a outros índios, tribos de pescadores e caçadores. Lá Iracema e Martim viviam felizes, principalmente depois da notícia de que a índia estava esperando um filho do estrangeiro. Martim acabou transformando-se em um grande guerreiro da tribo dos pitiguaras e passou a chamar-se Coatibo.
Como guerreiro, Martim começou a sair com os pitiguaras para as batalhas, e quando ficava sozinha Iracema se entristecia, sentindo saudades de sua família e de sua pátria. A índia ficava ainda mais triste quando via nos olhos de seu marido que ele também sentia saudades de sua terra natal.
Em um de seus regressos, Martim (agora Coatibo) encontrou Iracema com seu filho recém-nascido nos braços, a quem chamaram Moacir (na língua de Iracema, filho da dor). Pouco tempo depois Iracema faleceu de fraqueza, pois durante a ausência do marido perdera o apetite e as forças.
O estrangeiro, então, sem motivos para continuar em meio aos índios, voltou para sua terra natal, levando seu filho e a saudade da fiel companheira, e prometendo um dia retornar, como de fato fez depois de alguns anos, acompanhado de outros homens brancos e um sacerdote de sua religião, para com ele fundar a Mairi (refúgio) dos Cristãos e levar a palavra do verdadeiro Deus à terra dos selvagens. Poti, seu fiel amigo, foi o primeiro a adotar a religião.
Após retornar a sua antiga morada, Martim lutou novamente ao lado dos pitiguaras, e com emoção lembrou dos momentos que passara naquelas terras com sua amada Iracema.
Considerado um dos mais belos romances da literatura romântica, a obra é descrita por Machado de Assis como um “poema em prosa”. Baseado em uma lenda do período de formação do Ceará, Iracema traz como uma de suas características o nacionalismo romântico, manifestado na exaltação da natureza pátria, no retorno ao passado histórico e na criação de um herói nacional (o índio), e compõe, juntamente com O Guarani Ubirajara, a chamada trilogia indigenista.

Importância do livro
Publicado em 1865, Iracema, obra de José de Alencar, faz parte da tríade dos romances indianistas (juntamente com O Guarani e Ubirajara), sendo considerado o mais maduro deles, pois admite várias interpretações, com uma excelente estrutura narrativa. É considerado um poema em forma de prosa, com características épicas, em que tanto Martim como Iracema são heróis. Iracema é uma típica heroína que representa o romantismo: espera o amado, se entrega a ele, fica com saudades, e morre por essa saudade.

Período histórico
Iracema possui personagens históricos, ou seja, que realmente existiram e fizeram parte da História do Brasil. Martim e Poti são um exemplo. Além disso, o livro é escrito após a regularização da colonização do Ceará. Todo esse cenário de lendas, de amor proibido, serve para acontecer o nascimento do primeiro filho da miscigenação entre o branco e o índio. Assim, o índio é visto com bons olhos ufanistas e representantes da cultura brasileira.

ANÁLISE
Iracema possui um narrador onisciente. Através de uma linguagem tipicamente brasileira e cheia de metáforas e palavras indígenas, não só em Iracema como em outras obras, o autor demonstra características que o levam a uma singularidade na representação e afirmação da cultura brasileira. Em seus diálogos com Martim, Iracema tem em sua fala traços da oralidade, onde são encontradas diversas expressões indígenas, estruturas sintáticas semelhante aos que os índios utilizavam, tendo em vista sua dificuldade com a Língua Portuguesa. Sendo assim, o livro torna-se permeado de múltiplas interpretações, segundo o significado e entendimento de cada leitor.

Iracema, na obra, representa a cultura indígena, e possui uma postura submissa a Martim, representando assim o ideal de submissão que o índio teria ao branco. Apesar de ser incomum na cultura indígena, Iracema se mantém casta até o encontro com Martim. Não poderia ser diferente, já que seria inaceitável um branco se casar com uma índia que não fosse casta, segundo as tradições religiosas. Se por um lado Iracema representa todo o imaginário indígeno, Martim traz a figura do branco colonizador, que é também guerreiro, assim como o índio, e igualmente forte, se comparado a ele. Além disso, fica dividido entre a cultura branca e indígena; ao se afastar da sua cultura, sente falta dela. Essa saudade que Martim sente de sua tribo é o  motivo que o leva a se manter distante de Iracema, durante o desenrolar da trama.

O romance de Martim e Iracema tem como metáfora a criação do Ceará. Através da história, o autor cria uma lenda de como o estado teria sido criado. Pois quando Iracema morre, ela é enterrada por Martim e seu amigo Poti à beira de um coqueiro de que ela gostava muito. Diante desse coqueiro, sempre se ouvia um lamento; era o lamento de sua ave de estimação, que sentia sua falta. Assim, o canto da jandaia se chamava de Ceará, onde ali foi fundada.

PERSONAGENS
Martim: representa a cultura colonizadora. Herói, participa de várias lutas em defesa do seu povo. Fica dividido entre a sua cultura e a de Iracema.

Iracema: caracterizada no livro com a famosa frase “índia dos lábios de mel”, é admirada pela sua beleza. Carrega consigo a castidade, já que é sua obrigação da cultura diante dos deuses. Heroína rápida, como uma flecha. Após sua união com Martim, torna-se submissa a ele.

Araquém: pai de Iracema. Pajé, recebe Martim em sua cabana e o protege.

Poti: amigo fiel de Martim, está sempre com ele nas lutas.

Caubi: irmão de Iracema.

Moacir: filho de Iracema e Martim.

Sobre o autor
José de Alencar
✩ 1 de Maio de 1829
✞ 12 de Dezembro 1877 (48 anos)

José Martiniano de Alencar foi um escritor e político brasileiro. É notável como escritor por ter sido o fundador do romance de temática nacional, e por ser o patrono da cadeira fundada por Machado de Assis na Academia Brasileira de Letras. Nasceu no dia 1 de Maio de 1829 na cidade de Fortaleza CE.
 veio com sua família para o Rio de Janeiro em 1830 e com 14 anos mudou-se para São Paulo. Além de escritor, foi político, advogado e jornalista. Longe da vida boêmia comum aos homens da segunda metade do século XIX, dedicava grande parte de sua vida à literatura. Tornou-se um dos maiores romancistas de nossa literatura. Além de Iracema, possui grandes clássicos, como Cinco Minutos, O Guarani, A Viuvinha, Lucíola, O gaúcho, Senhora, entre outros. Em sua obra podemos notar traços da realidade da sociedade brasileira daquela época, e oposições como o branco e o índio, as cidades e o sertão. Faleceu em 12 de dezembro de 1877 .

segunda-feira, 9 de abril de 2012

O ATENEU (Resumo)


O ATENEU (RAUL POMPÉIA)

Resumo:
Romance de Raul Pompéia publicado em 1888, O Ateneu apresenta elementos realistas, naturalistas, parnasianistas, impressionistas e expressionistas. A obra faz uma crítica à sociedade brasileira do século XIX ao contar a história de Sérgio, estudante de um colégio interno bastante tradicional chamado Ateneu. O educandário, localizado no Rio de Janeiro, mas cujos alunos vinham de diversos estados, era comandado por Aristarco e mantinha regras bastante rígidas. Narrador da história, ao longo do livro Sérgio relembra os anos passados no internato.
Aos 11 anos, Sérgio, que até então só tinha estudado em pequenas escolas, foi levado ao Ateneu, considerado um colégio para filhos de pais abastados. A entrada no Ateneu representou para o garoto a passagem para a vida adulta, por conta de seu afastamento dos pais e da nova realidade que acabara de encontrar.
No primeiro ano, Sérgio conseguiu fazer muitas amizades, mas não chegou a manter bons laços com quase ninguém. Entre seus colegas estavam Sanches, o mais velho, que o salvou de um afogamento na piscina, mas depois acabou brigando com ele; Franco, garoto com comportamento duvidoso que jogou cacos de vidro na piscina para prejudicar Sérgio; Barreto, que comparava as mulheres ao demônio; e Rebelo, que apresentou a escola ao protagonista. Logo no início das aulas o professor Mânlio recomendou Sérgio a este último, o mais sério de seus alunos, que advertiu o protagonista da necessidade de ser um homem forte e de não admitir protetores – no Ateneu, os meninos mais tímidos e ingênuos eram automaticamente colocados no grupo dos fracos, que precisavam de “protetores”, assim considerados os garotos mais fortes que protegiam os fracos em troca principalmente de favores sexuais.
O melhor amigo e protetor de Sérgio era Bento Alves, o bibliotecário do Grêmio Literário Amor ao Saber. A amizade deles era tão forte que Sérgio dizia tê-lo estimado “femininamente, porque era grande, forte, bravo; porque me podia valer; porque me respeitava, quase tímido, como se não tivesse ânimo de ser amigo”. Encerrado o ano letivo, Sérgio e Bento continuaram se encontrando durante as férias, o que fortaleceu ainda mais a amizade existente entre os dois.
O novo ano letivo começou com divertimento no Ateneu, até que Bento e Malheiro acabaram brigando violentamente. Durante a briga, Malheiro tomou uma surra, o que resultou na prisão de Bento Alves e, consequentemente, no desespero de Sérgio. Sem a amizade de Bento, Sérgio se aproximou de Egbert, um menino de origem inglesa que se tornou um grande amigo do protagonista. Com Egbert, Sérgio construiu uma amizade sem interesses, e foi nessa época que arriscou escrever seus primeiros versos.
Algum tempo depois Sérgio foi transferido para o dormitório onde ficavam os rapazes mais velhos. A convivência com esses garotos fez Sérgio começar a sair durante a noite para participar de passeios clandestinos. O ambiente era propício para novas peripécias, como espiar o sono do inspetor Silvino e criar uma passagem secreta para o jardim de Aristarco. Por conta dessa passagem os colegas resolveram se vingar de Rômulo, que brigara com Sérgio no passado, e o deixaram do lado de fora, sem ter como voltar ao alojamento.
Com a proximidade de mais um fim de ano, o Ateneu começou a preparar as solenidades. A festividade contou com a presença de figuras importantes da cidade, como a Princesa Regente e o Ministro do Império. Após a entrega das medalhas e das menções honrosas, Aristarco foi homenageado com um busto seu em bronze.
Terminado o segundo ano, os alunos entraram mais uma vez em férias. Nessa época, Sérgio adoeceu e ficou sob os cuidados do diretor, já que seus familiares estavam na Europa. Enquanto se tratava do sarampo, Sérgio conheceu Dona Ema, mãe de Aristarco. Na falta dos cuidados de sua mãe, Sérgio se apegou a Dona Ema e esperava ansiosamente por cada encontro. Um clima de erotismo pairava sobre eles, intensificando cada vez mais os conflitos internos do garoto.
Certo dia, o protagonista acordou com os gritos de “fogo” e, assustado, viu todo o prédio em chamas. Os alunos conseguiram escapar do perigo, mas Dona Ema desapareceu. Mais tarde, descobriram que o responsável pelo incêndio havia sido Américo, um estudante recém chegado ao Ateneu, que fora deixado no colégio a pedido do pai em razão de seu mau comportamento. Com o incêndio, Aristarco viu sua obra sucumbir e Sérgio encerrou suas memórias ao ver o Ateneu desaparecer em meio às chamas.

Importância do livro
Apesar de muitos estudiosos questionarem, a obra atualmente é enquadrada no movimento do Realismo, e é uma das obras mais importantes desse movimento, se destacando pelas suas singularidades, dentre elas, a presença de um narrador que possui emoções guardadas e a expressa através de uma descrição memorialista. 
Período histórico
O século XIX foi marcado pela falsa estruturação do sistema educacional brasileiro, principalmente dos colégios internos frequentados pelos filhos da elite. Internatos onde a educação era impregnada de modelos severos e regimes autoritários, onde a educação moral rígida era vista como objetivo final da escola.

ANÁLISE
O narrador da obra O Ateneu é um narrador adulto que , sendo personagem enquanto criança, passou dois anos de sua infância no internato. Aproximando-se da história pessoal de vida do seu autor, Raul Pompéia, podemos afirmar que essa obra possui traços de pessoalidade do autor e de identificação. Ao narrar os fatos passados enquanto adulto, o narrador é emotivo e através de sua memória, expressa percepções e análises sobre os personagens de sua ruim estadia no internato. Há um distanciamento de idade, onde os sentimentos do adulto muitas vezes se confundem com as inseguranças da criança, porém há valores e críticas à sociedade que são provenientes às percepções de um adulto. A descrição que acompanha o narrador é uma descrição permeada de críticas à sociedade, ao modelo de internatos existentes no século XIX.
O livro não possui um enredo preenchido por acontecimentos inusitados, intrigas, ações, romances como é de se esperar das obras que conhecemos. Pode-se até afirmar que ele não possui enredo. O que acontece no livro são análises acerca dos alunos e da escola, críticas e impressões que são detalhadas no livro com características até mesmo científicas, ou psicológicas. Sendo assim, apesar de ser enquadrada no movimento de Realismo – Naturalismo, o livro possui traços do expressionismo, impressionismo, simbolismo, dentre outros. Diferente das obras pertencentes ao Realismo, O Ateneu não possui uma objetividade e uma imparcialidade. Até mesmo porque sendo o narrador também personagem, isso não seria possível. Como uma característica do Naturalismo, também há no livro um instinto para a homossexualidade, em que Sérgio nas suas relações de amizades com seus amigos meninos, descreve-os com uma relação íntima e uma intenção amorosa.
O livro possui como subtítulo a irônica frase “Crônicas de saudades”. Além do livro não ser composto por crônicas, o narrador demonstra ter recordações ruins, de raiva e vingança, bem longe do sentimento de saudade. Através dos castigos narrados, dos maus tratos, da hipocrisia, o narrador faz uma crítica à sociedade que, como no Ateneu, vence sempre o mais forte e os fracos procuram protetores. Porém, não os encontrando, acabam por sofrer com as injustiças do sistema.

PERSONAGENS
Sérgio: personagem principal. Entra aos 11 anos no internato Ateneu e ali tem várias experiências que são narradas no livro. 
Aristarco: diretor do colégio e pedagogo reconhecido por suas obras. Ao mesmo tempo em que é rígido, possui uma alma paternal. 
D. Ema: esposa de Aristarco. Sérgio nutre um amor platônico por ela. 
Professor Mânlio: Primeiro professor de Sérgio. 
Rebelo: primeiro amigo de Sérgio. É bondoso e um ótimo aluno. Ajudou Sérgio nas lições. 
Sanches: à primeira vista, é 
considerado antipático por Sérgio, salva ele de um afogamento e os dois tornam-se amigos. 
Barbalho: aluno indisciplinado com quem Sérgio tem uma briga. 
Ribas: menino feio, que cantava músicas religiosas singelamente. 
Ângela: funcionária espanhola do colégio. Moça bonita desejada por todos. 
Egbert: considerado o único amigo verdadeiro de Sérgio, que o admirava pela sua beleza. 
Bento Alves: bibliotecário com quem Sérgio teve uma íntima amizade. Sai do colégio por uma briga que teve com o Sérgio. 
Américo: aluno que entra no colégio obrigado pelo pai e que provavelmente é o responsável pelo início do incêndio.
Sobre o autor
Raul Pompéia
✩ 12 de Abril de 1863
✞ 25 de Dezembro de 1895(32)

 
Raul Pompéia nasceu em 1863 em Angra dos Reis e ainda criança mudou-se para a cidade do Rio de Janeiro. Ingressou no internato Colégio Abílio e terminou seus estudos secundários no Colégio Pedro II. Formou-se em Direito e foi nomeado diretor da Biblioteca Nacional. Foi demitido do cargo em 1895 por desacato ao Presidente da República. No mesmo ano, suicidou-se na frente de sua mãe. Além de romances, escreveu também contos (Microscópicos, 1881) e poemas (Canções sem Metro, 1900)