IRACEMA
(JOSÉ DE ALENCAR)
Resumo:
Iracema era uma jovem e bela índia de cabelos negros e lábios
de mel, filha de Araquém, um índio dotado de sabedoria e liderança, pajé da
tribo dos tabajaras. Certo dia, enquanto se banhava em um rio, percebeu que
estava sendo observada por um estrangeiro que havia se perdido de seu amigo
enquanto caçavam, a quem a índia atacou com uma flecha. A expressão do
estrangeiro, chamado Martim, foi tal que Iracema percebeu a mágoa que lhe tinha
causado, e os dois acabaram se perdoando e seguindo para a tribo da índia, onde
Martim se hospedou. Os dois jovens logo se apaixonaram, mas o amor entre eles
era proibido, já que Iracema era a “virgem de Tupã”.
Certa noite, Iracema levou Martim ao bosque da Jurema e deu a
ele uma bebida que o fez adormecer, possibilitando-o rever em sonhos seus
melhores momentos e suas esperanças. Em seus sonhos, Martim chamou por Iracema,
que, assustada, deixou-o ali e foi embora. No retorno para a tribo, Iracema
encontrou Urapuã, o chefe dos guerreiros tabajaras, apaixonado pela bela índia,
que, tendo visto Martim sair com a virgem, procurava-o para matá-lo,
acreditando que Iracema havia se entregado ao estrangeiro. Embora Iracema tenha
negado, Urapuã jurou matar o rapaz. A índia, então, voltou ao bosque para
vigiá-lo.
Ao acordar pela manhã, Martim viu Iracema na entrada do
bosque e percebeu sua tristeza. Como o amor entre os dois era impossível, ele
resolveu partir.
Como a vida de Martim corria perigo, Iracema foi até a tribo
dos pitiguaras, inimigos dos tabajaras, procurar um grande guerreiro amigo de
Martim, chamado Poti, que foi ao encontro do estrangeiro para ajudá-lo na fuga.
A jovem índia aconselhou-os a partir durante a festa da lua das flores, pois
todos estariam envolvidos com a celebração e não prestariam atenção em Martim.
Enquanto esperavam o dia da festa, Iracema e Martim ficaram juntos e Tupã
acabou perdendo sua virgem.
Na hora da fuga, Iracema acompanhou Martim e Poti, e quando
eles já estavam fora das terras tabajaras e a índia deveria voltar para sua
tribo, ela resolveu seguir com o estrangeiro, pois não conseguiria mais viver
longe de seu amor. Os três acabaram sendo alcançados pelos guerreiros
tabajaras, que haviam seguido o rastro dos fugitivos, dando início a uma
batalha em que Iracema lutou contra os membros de sua tribo. Ajudados pelo cão
de Poti, que os guiou até seu dono, os guerreiros da tribo pitiguara chegaram a
tempo de combater seus inimigos e socorrer Martim, Poti e Iracema.
Durante algum tempo, a tristeza por ter traído sua tribo
perturbou Iracema, mas Martim conseguia deixá-la feliz. O casal se instalou em
uma cabana próxima a outros índios, tribos de pescadores e caçadores. Lá
Iracema e Martim viviam felizes, principalmente depois da notícia de que a
índia estava esperando um filho do estrangeiro. Martim acabou transformando-se
em um grande guerreiro da tribo dos pitiguaras e passou a chamar-se Coatibo.
Como guerreiro, Martim começou a sair com os pitiguaras para
as batalhas, e quando ficava sozinha Iracema se entristecia, sentindo saudades
de sua família e de sua pátria. A índia ficava ainda mais triste quando via nos
olhos de seu marido que ele também sentia saudades de sua terra natal.
Em um de seus regressos, Martim (agora Coatibo) encontrou
Iracema com seu filho recém-nascido nos braços, a quem chamaram Moacir (na
língua de Iracema, filho da dor). Pouco tempo depois Iracema faleceu de
fraqueza, pois durante a ausência do marido perdera o apetite e as forças.
O estrangeiro, então, sem motivos para continuar em meio aos
índios, voltou para sua terra natal, levando seu filho e a saudade da fiel
companheira, e prometendo um dia retornar, como de fato fez depois de alguns
anos, acompanhado de outros homens brancos e um sacerdote de sua religião, para
com ele fundar a Mairi (refúgio) dos Cristãos e levar a palavra do verdadeiro
Deus à terra dos selvagens. Poti, seu fiel amigo, foi o primeiro a adotar a
religião.
Após retornar a sua antiga morada, Martim lutou novamente ao
lado dos pitiguaras, e com emoção lembrou dos momentos que passara naquelas
terras com sua amada Iracema.
Considerado um dos mais belos romances da literatura
romântica, a obra é descrita por Machado de Assis como um “poema em prosa”.
Baseado em uma lenda do período de formação do Ceará, Iracema traz
como uma de suas características o nacionalismo romântico, manifestado na
exaltação da natureza pátria, no retorno ao passado histórico e na criação de
um herói nacional (o índio), e compõe, juntamente com O Guarani e Ubirajara,
a chamada trilogia indigenista.
Importância do livro
Publicado em 1865, Iracema, obra de José de Alencar, faz parte da tríade dos romances indianistas (juntamente com O Guarani e Ubirajara), sendo considerado o mais maduro deles, pois admite várias interpretações, com uma excelente estrutura narrativa. É considerado um poema em forma de prosa, com características épicas, em que tanto Martim como Iracema são heróis. Iracema é uma típica heroína que representa o romantismo: espera o amado, se entrega a ele, fica com saudades, e morre por essa saudade.
Período histórico
Iracema possui personagens históricos, ou seja, que realmente existiram e fizeram parte da História do Brasil. Martim e Poti são um exemplo. Além disso, o livro é escrito após a regularização da colonização do Ceará. Todo esse cenário de lendas, de amor proibido, serve para acontecer o nascimento do primeiro filho da miscigenação entre o branco e o índio. Assim, o índio é visto com bons olhos ufanistas e representantes da cultura brasileira.
Publicado em 1865, Iracema, obra de José de Alencar, faz parte da tríade dos romances indianistas (juntamente com O Guarani e Ubirajara), sendo considerado o mais maduro deles, pois admite várias interpretações, com uma excelente estrutura narrativa. É considerado um poema em forma de prosa, com características épicas, em que tanto Martim como Iracema são heróis. Iracema é uma típica heroína que representa o romantismo: espera o amado, se entrega a ele, fica com saudades, e morre por essa saudade.
Período histórico
Iracema possui personagens históricos, ou seja, que realmente existiram e fizeram parte da História do Brasil. Martim e Poti são um exemplo. Além disso, o livro é escrito após a regularização da colonização do Ceará. Todo esse cenário de lendas, de amor proibido, serve para acontecer o nascimento do primeiro filho da miscigenação entre o branco e o índio. Assim, o índio é visto com bons olhos ufanistas e representantes da cultura brasileira.
ANÁLISE
Iracema possui um narrador onisciente. Através de uma
linguagem tipicamente brasileira e cheia de metáforas e palavras indígenas, não
só em Iracema como em outras obras, o autor demonstra
características que o levam a uma singularidade na representação e afirmação da
cultura brasileira. Em seus diálogos com Martim, Iracema tem em sua fala traços
da oralidade, onde são encontradas diversas expressões indígenas, estruturas
sintáticas semelhante aos que os índios utilizavam, tendo em vista sua
dificuldade com a Língua Portuguesa. Sendo assim, o livro torna-se permeado de
múltiplas interpretações, segundo o significado e entendimento de cada leitor.
Iracema, na obra, representa a cultura indígena, e possui uma postura submissa a Martim, representando assim o ideal de submissão que o índio teria ao branco. Apesar de ser incomum na cultura indígena, Iracema se mantém casta até o encontro com Martim. Não poderia ser diferente, já que seria inaceitável um branco se casar com uma índia que não fosse casta, segundo as tradições religiosas. Se por um lado Iracema representa todo o imaginário indígeno, Martim traz a figura do branco colonizador, que é também guerreiro, assim como o índio, e igualmente forte, se comparado a ele. Além disso, fica dividido entre a cultura branca e indígena; ao se afastar da sua cultura, sente falta dela. Essa saudade que Martim sente de sua tribo é o motivo que o leva a se manter distante de Iracema, durante o desenrolar da trama.
O romance de Martim e Iracema tem como metáfora a criação do Ceará. Através da história, o autor cria uma lenda de como o estado teria sido criado. Pois quando Iracema morre, ela é enterrada por Martim e seu amigo Poti à beira de um coqueiro de que ela gostava muito. Diante desse coqueiro, sempre se ouvia um lamento; era o lamento de sua ave de estimação, que sentia sua falta. Assim, o canto da jandaia se chamava de Ceará, onde ali foi fundada.
Iracema, na obra, representa a cultura indígena, e possui uma postura submissa a Martim, representando assim o ideal de submissão que o índio teria ao branco. Apesar de ser incomum na cultura indígena, Iracema se mantém casta até o encontro com Martim. Não poderia ser diferente, já que seria inaceitável um branco se casar com uma índia que não fosse casta, segundo as tradições religiosas. Se por um lado Iracema representa todo o imaginário indígeno, Martim traz a figura do branco colonizador, que é também guerreiro, assim como o índio, e igualmente forte, se comparado a ele. Além disso, fica dividido entre a cultura branca e indígena; ao se afastar da sua cultura, sente falta dela. Essa saudade que Martim sente de sua tribo é o motivo que o leva a se manter distante de Iracema, durante o desenrolar da trama.
O romance de Martim e Iracema tem como metáfora a criação do Ceará. Através da história, o autor cria uma lenda de como o estado teria sido criado. Pois quando Iracema morre, ela é enterrada por Martim e seu amigo Poti à beira de um coqueiro de que ela gostava muito. Diante desse coqueiro, sempre se ouvia um lamento; era o lamento de sua ave de estimação, que sentia sua falta. Assim, o canto da jandaia se chamava de Ceará, onde ali foi fundada.
PERSONAGENS
Martim: representa a cultura colonizadora. Herói, participa
de várias lutas em defesa do seu povo. Fica dividido entre a sua cultura e a de
Iracema.
Iracema: caracterizada no livro com a famosa frase “índia dos lábios de mel”, é admirada pela sua beleza. Carrega consigo a castidade, já que é sua obrigação da cultura diante dos deuses. Heroína rápida, como uma flecha. Após sua união com Martim, torna-se submissa a ele.
Araquém: pai de Iracema. Pajé, recebe Martim em sua cabana e o protege.
Poti: amigo fiel de Martim, está sempre com ele nas lutas.
Caubi: irmão de Iracema.
Moacir: filho de Iracema e Martim.
Iracema: caracterizada no livro com a famosa frase “índia dos lábios de mel”, é admirada pela sua beleza. Carrega consigo a castidade, já que é sua obrigação da cultura diante dos deuses. Heroína rápida, como uma flecha. Após sua união com Martim, torna-se submissa a ele.
Araquém: pai de Iracema. Pajé, recebe Martim em sua cabana e o protege.
Poti: amigo fiel de Martim, está sempre com ele nas lutas.
Caubi: irmão de Iracema.
Moacir: filho de Iracema e Martim.
Sobre o autor
José de Alencar ✩ 1 de Maio de 1829 ✞ 12 de Dezembro 1877 (48 anos) |
José Martiniano de Alencar foi um escritor e político
brasileiro. É notável como escritor por ter sido o fundador do romance de
temática nacional, e por ser o patrono da cadeira fundada por Machado de Assis
na Academia Brasileira de Letras. Nasceu no dia 1 de Maio de 1829 na
cidade de Fortaleza CE.
veio com sua família para o Rio de Janeiro em 1830 e com 14 anos mudou-se para São Paulo. Além de escritor, foi político, advogado e jornalista. Longe da vida boêmia comum aos homens da segunda metade do século XIX, dedicava grande parte de sua vida à literatura. Tornou-se um dos maiores romancistas de nossa literatura. Além de Iracema, possui grandes clássicos, como Cinco Minutos, O Guarani, A Viuvinha, Lucíola, O gaúcho, Senhora, entre outros. Em sua obra podemos notar traços da realidade da sociedade brasileira daquela época, e oposições como o branco e o índio, as cidades e o sertão. Faleceu em 12 de dezembro de 1877 .
veio com sua família para o Rio de Janeiro em 1830 e com 14 anos mudou-se para São Paulo. Além de escritor, foi político, advogado e jornalista. Longe da vida boêmia comum aos homens da segunda metade do século XIX, dedicava grande parte de sua vida à literatura. Tornou-se um dos maiores romancistas de nossa literatura. Além de Iracema, possui grandes clássicos, como Cinco Minutos, O Guarani, A Viuvinha, Lucíola, O gaúcho, Senhora, entre outros. Em sua obra podemos notar traços da realidade da sociedade brasileira daquela época, e oposições como o branco e o índio, as cidades e o sertão. Faleceu em 12 de dezembro de 1877 .
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