UM POUCO SOBRE INTERVENÇÃO MILITAR
Intervenção militar significa o uso das forças
militares (Exército, Marinha e Aeronáutica) para controlar determinada
situação num país.A intervenção militar, como forma de controlar os poderes de
um país (Legislativo, Executivo e Judiciário), pode ser considerada um golpe
de Estado, ou seja, uma maneira ilegal de derrubar um governo
constitucionalmente legítimo.
Intervenção militar no Brasil
No Brasil, a intervenção militar representou um período que
ficou historicamente marcado por ser a Ditadura Militar brasileira,
entre os anos de 1964 e 1985 (mais de 20 anos).
No dia 1 de Abril de 1964, o governo de João Goulart (após
renúncia do presidente Jânio Quadros) foi deposto e o regime militar teve
início alguns dias depois, a partir de um golpe de Estado. O fim da ditadura
militar no Brasil aconteceu em 1985, sendo João Figueiredo o último presidente
deste período.
Algumas manifestações feitas entre 2014 e 2015, contra o
governo brasileiro, pediam a intervenção militar como solução para resolver
questões referentes à economia, corrupção e segurança nacional. No entanto, os
manifestantes que exigem este tipo de intervenção, normalmente, desconhecem as
consequências que este ato traria para o direito democrático da sociedade.
Intervenção militar constitucional
A intervenção militar, como forma de "tomar as
rédeas" do governo brasileiro, é uma ação totalmente
inconstitucional, sendo previsto em lei que as Forças Armadas, ao contrário
de ameaçar o sistema democrático, os Três Poderes e a soberania da Presidência,
deverá protegê-los.
Assim sendo, a chamada "Intervenção militar
constitucional" é um equívoco baseado na má interpretação do artigo
142 da Constituição Federal (CF).
"Art.142. As Forças Armadas, constituídas
pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais
permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina,
sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da
Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer
destes, da lei e da ordem".
Ou seja, as Forças Armadas devem fazer a lei se cumprir, e a
lei diz ser obrigação dos militares defenderem a autoridade suprema do
Presidente da República, e não ameaçá-la.
O que é preciso para uma intervenção militar?
Para que possa acontecer uma intervenção militar é preciso
que outras possibilidades de manutenção da ordem social e da segurança pública
já tenham sido usadas e não tenham sido suficientes.
É importante saber que a intervenção militar é uma medida
que só poderia ser adotada em situações específicas e extremas.
Esse conceito é encontrado no §2º do artigo 15 da Lei Complementar nº
97/99, que define quais são as regras para o uso das Forças Armadas no país.
De acordo com esse artigo, as Forças Armadas podem
atuar para garantir a ordem no país depois que as outras hipóteses de garantia
da ordem pública já tenham sido esgotadas. Além disso, a lei determina que
a decisão para a intervenção das Forças Armadas deve vir do Presidente da
República.
O artigo 142 da CF define que a função das Forças
Armadas é ligada à proteção dos Três Poderes, além da proteção a possíveis
invasões de outros Estados no território brasileiro. Sendo assim, não se pode
confundir esse conceito de proteção das Forças Armadas com uma intervenção
militar.
Para que a intervenção possa acontecer é preciso que o
governo faça uma análise da crise existente e de quais são as possíveis
consequências para o país. A partir do resultado dessa análise pode passar a
existir a possibilidade que justifique uma intervenção militar.
Também é determinado pela lei que a intervenção precisa
ser obrigatoriamente temporária e limitada e deve ter a área
de atuação previamente definida.
Pedido de intervenção militar
O pedido de intervenção militar só pode ser feito pelo:
- Presidente
da República,
- Chefe
de um dos Três Poderes (Presidente do Senado Federal, da Câmara dos
Deputados ou do Supremo Tribunal Federal).
Discussão jurídica
sobre a intervenção militar
A Constituição Federal não usa a expressão “intervenção
militar” em nenhum dos seus artigos, ainda que faça referência ao uso das
Forças Armadas em situações extremas de crise.
Existe uma discussão jurídica sobre o tema, especialmente
quanto à possibilidade de que uma intervenção militar possa
caracterizar um golpe de Estado, como aconteceu no período da ditadura
militar.
Existem autores que entendem que o uso das Forças
Armadas em situações específicas, como é previsto na Constituição Federal, não
é o mesmo que intervenção militar. Para esses autores uma intervenção militar é
considerada sempre inconstitucional.
Quais podem ser as consequências de uma intervenção militar?
Se uma intervenção militar acontecer ela pode causar algumas
alterações no modo de funcionamento do Estado.
Na intervenção o Estado pode perder temporariamente a
capacidade sobre algumas decisões, que passam a ser tomadas pelos
militares responsáveis pela intervenção – chamados de interventores.
Uma intervenção também pode alterar a rotina dos
cidadãos porque podem acontecer operações militares preventivas (e em
alguns casos repressivas) com o objetivo de retomar a segurança pública no
país.
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