(JOAQUIM MANUEL DE MACEDO)
A obra de Joaquim Manuel de Macedo, lançada em 1844, conta a
história de Augusto, um rapaz que apostara com os amigos Filipe, Leopoldo e
Fabrício que não ficaria apaixonado por mais de 15 dias por mulher alguma.
Certo dia, perto do dia de Sant’ana, Filipe convida seus colegas para irem à
ilha de Paquetá na casa de sua avó, D. Ana. O único que não demonstra
entusiasmo é Augusto. Filipe tenta persuadir o amigo falando sobre o baile que
terá na ilha, onde estarão presentes suas primas: a pálida Joana, de 17 anos;
Joaquina, loira de 16; e sua irmã, Carolina, uma moreninha de 15.
Na conversa, a turma questiona a inconstância de Augusto em
seus romances. Motivados, fazem uma nova aposta: Filipe diz que Augusto
encontraria na ilha uma moça por quem se apaixonaria. Caso ele ficasse
apaixonado por 15 dias pela mesma mulher, teria que escrever um livro contando
o fato; em contrapartida, se isso não ocorresse, Filipe escreveria o livro
falando de sua derrota. Augusto, então, acaba concordando com a viagem.
Antes da partida, Fabrício envia uma carta a Augusto pedindo
ajuda para se livrar da namorada, a prima feia e pálida de Filipe, Joana. Na
ilha, Augusto deveria persegui-la, e Fabrício, fingindo ciúmes, terminaria o
romance. Ao se encontrarem na ilha, porém, Augusto nega o auxílio a Fabrício,
que, como vingança, revela na mesa de jantar as inconstâncias nos amores
do rapaz. Augusto alega que não poderia se prender e amar uma só mulher, pois
admirava a beleza de todas, confissão que repudia as moças presentes.
Sozinho no local, apenas D. Ana faz companhia a Augusto.
Ambos saem, então, para caminhar, e no trajeto a mulher questiona o rapaz
sobre seus romances. Augusto lhe revela por que agia daquela forma: Conta que
quando tinha 13 anos se apaixonara por uma menina com cerca de oito anos, e
logo os dois decidiram pelo casamento. Tratavam-se como “meu esposo” e “minha
mulher”, não se importando com os nomes. Certo dia, um menino chegara aos
prantos até eles – o pai da criança estava morrendo.
Neste momento os três correram até a cabana,
onde Augusto e sua “mulher” encontraram um velho moribundo. O jovem casal
deu todo o dinheiro que tinha à família. Com o gesto, o velho os abençoou e
pediu aos garotos um objeto de valor – Augusto entregou um camafeu de ouro,
e a menina, um botão de esmeralda. O velho, então, passou o camafeu de
ouro para a menina e o botão de esmeralda ao menino, para que no futuro eles
pudessem se reconhecer e casar de verdade. Depois daquele dia, no entanto,
eles nunca mais se viram.
A “mulher” mexera tanto com Augusto que ele não conseguia
amar outra pessoa. Augusto até tivera algumas histórias com outras mulheres,
como uma moça morena, uma garota corada e uma mulher pálida. Desiludido com
estes romances, porém, jurara não amar nenhum desses três tipos de moças. Dessa
maneira, percebera, então, que não poderia amar nem mesmo sua “mulher”.
Enquanto conta a história para D. Ana, Augusto ouve alguém
correndo na porta da gruta. Vai até o local e vê Carolina distante a se
divertir. O moço e a avó de Filipe caminham um pouco mais e vão até
uma fonte ao fundo da gruta, onde o jovem bebe um pouco
de água. A senhora, então, conta-lhe sobre a lenda daquela fonte: D.
Ana diz a Augusto que a água da fonte eram as lágrimas de uma virgem
que havia chorado em cima do rochedo por não ser correspondida pelo jovem
que visitava a ilha diariamente. Dizia a lenda que quem bebesse daquela fonte
não sairia da ilha sem amar um de seus habitantes.
Já na residência, Augusto deixa derramar café em sua roupa.
Filipe diz ao amigo que ele pode usar o quarto das meninas para se trocar.
Enquanto o jovem se troca, entram no quarto Joana, Gabriela, Quinquina e
Clementina. Com o susto, o rapaz corre e se esconde debaixo da cama, de
onde fica ouvindo as confidências das moças. As mulheres pausam a conversa
quando escutam um berro de Carolina, e todas saem do quarto. Augusto aproveita
e termina de se vestir.
Ao anoitecer, os jovens se reúnem para jogar. Augusto não
acha graça naquela diversão, pois sente falta de Carolina. D. Ana, vendo a inquietação
do rapaz, pede para que o mesmo vá procurar a moça. Quando a conheceu, Angusto
achou Carolina feia, depois passou a achá-la travessa e naquele momento já a
achava bela. A menina percebe o carinho do rapaz e também demonstra simpatia
por ele.
Os dias passam e durante um sarau Augusto brinca com as
meninas e acaba se declarando para as quatro. Porém, as garotas descobrem o
golpe e decidem fazer uma brincadeira com ele. Elas escrevem um bilhete
anônimo onde pedem que Augusto vá à gruta no dia seguinte. Carolina, sabendo da
armação, manda uma carta para Augusto, sem identificação, contando a armadilha.
Mesmo assim, o moço vai ao encontro das garotas e acaba virando o jogo a seu
favor. Já no local ele diz que adivinharia os segredos das meninas se elas bebessem
a água da fonte mágica. Augusto aproveita e conta os segredos que havia
escutado no quarto, enquanto trocava de roupa. Admiradas, as mulheres vão
embora sem entender as adivinhações do garoto.
Augusto se prepara para voltar para a casa quando Carolina
aparece na gruta e conta que tem um segredo para revelar. A menina então fala
sobre a “sua mulher”, o presente, e assegura que em breve ele ficaria
apaixonado. Transtornado, Augusto volta com seus amigos à corte. Ao chegar, o
rapaz revela a Fabrício que se apaixonara por Carolina.
Os dias passam e Filipe volta a passear na casa da avó. Ao
chegar avisa a todos que no dia seguinte receberia a visita de Augusto.
Carolina rapidamente trata de se arrumar e recebe o amado toda vestida de
branco. Os momentos do casal são todos agradáveis, e certo dia, durante
uma caminhada pela praia, Augusto declara amor à moça.
No entanto, ele precisa retornar à corte – e assim o
faz. Lá, Augusto enfrenta um problema: seu pai não o deixa voltar à ilha e com
isso ele adoece. Sem o retorno do amado, Carolina fica infeliz. Os dias passam
e Augusto tem melhoras. A menina, com saudades, fica à sua espera, até que
ele volta à ilha na companhia de seu pai. D. Ana e o pai de
Augusto conversam muito, até que os dois amantes são chamados. A senhora
havia concedido a mão da neta a Augusto.
Carolina pede meia hora e vai com o seu pretendente até a
gruta. Lá a moça o entrega o camafeu de ouro e Augusto percebe que estava
falando com seu verdadeiro e único amor – o casal decide, então, pelo
noivado. Filipe, Fabrício e Leopoldo chegam também para a festa. Questionado
pelos amigos sobre a história que ele deveria escrever, Augusto surpreende o
grupo e diz que o romance já está pronto e se chama A Moreninha.
Importância do livro
O romance A Moreninha é considerado o primeiro romance
romântico brasileiro. Apresenta uma linguagem simples, um enredo que prende o
leitor com algum suspense e um final feliz típico dessa fase do movimento do
Romantismo. A obra remonta o cenário da alta sociedade carioca em meados do
século XIX. Joaquim Manuel de Macedo ganhou notoriedade na corte carioca, pois
a obra caiu no gosto do público.
ANÁLISE
O romance A Moreninha é um clássico da
nossa literatura e representa a narrativa romântica com características
nacionais. O Romantismo, como grande parte dos movimentos literários, tinha
força na Europa. A obra de Joaquim Manuel de Macedo dá os primeiros passos para
o Romantismo tipicamente brasileiro.
A obra mostra os costumes e a organização da sociedade que
se formava no século XIX no Rio de Janeiro: os estudantes de medicina, os
bailes, a tradição da festa de Sant’Ana , o flerte das moças etc. Também está
presente a cultura nacional, através da lenda da gruta, em que o choro de
uma moça que se apaixonou por um índio e não foi correspondida se transforma na
fonte que corre na gruta.
PERSONAGENS
- Filipe: estudante de medicina, amigo de Augusto. Faz o
convite aos colegas para passarem o feriado na casa de sua avó.
- Leopoldo: o mais animado dos amigos de Augusto, também
estudante de medicina.
- Fabrício: é prático e um tanto mesquinho quando se trata
de relacionamentos. Pede ajuda a Augusto para livrar-se de Joaquina.
- Augusto: é volúvel e inconstante nos relacionamentos
amorosos. Apaixona-se facilmente, mas dura pouco, por isso afirma nunca ter
amado. Apesar da inconstância, é romântico. Pois não engana as moças, apenas é
volúvel.
- Joana: prima de Filipe. Tem dezessete anos, cabelos e
olhos negros, é pálida.
- Joaquina: prima de Filipe. Tem dezesseis anos, é loura de
olhos azuis e tem faces cor-de-rosa.
- D. Ana: avó de Filipe. Dona da casa na ilha, senhora
amável de sessenta anos que nutre um carinho especial pela neta (a Moreninha)
que criou após ter ficado órfã.
- Moreninha: irmã de Filipe. Menina de quatorze anos,
travessa, engraçada e impertinente.
- D. Violante: uma senhora amiga de D. Ana. Era
inconveniente e chateou Augusto com lamentações e assuntos de doenças
Sobre o autor
Joaquim Manuel de Macedo
* 24 de Junho de 1820
† 11 de Abril de 1882 (61 anos)
|
Joaquim Manoel de Macedo é um médico que nunca exerceu a profissão, pois dedicou sua vida à literatura. Tornou-se o autor mais lido no Brasil de sua época, sua obra representava a classe média carioca que habitava a corte em meados do século XIX
Jornalista, político, professor, romancista, poeta,
teatrólogo e memorialista brasileiro.
Nasceu em Itaboraí -Rio de Janeiro
É o patrono da cadeira 20 da Academia
Brasileira de Letras.
Nenhum comentário:
Postar um comentário